
“Será que considero esta inquietação, este desvario, como uma doença -  ou como um talento? Como ambos? Pode ser. Ou será que é apenas um meio  de fuga? Olhe, pelo menos não me encontro casado, aos trinta e poucos,  com uma criatura decente, cujo corpo deixou de ter para mim qualquer  interesse genuíno - pelo menos não tenho de ir para cama todas as noites  com alguém que vez por outra marreto por obrigação, ao invés de desejo.  Quero referir-me à horrenda depressão que algumas pessoas experimentam  na hora de ir para a cama...Por outro lado, mesmo eu devo admitir que  talvez exista, de uma certa perspectiva, algo um tanto deprimente quanto  à minha situação, também. É claro que não posso ter tudo; é o que me  parece. A questão, porém, que desejo enfrentar é: tenho eu alguma  coisa?” 
Philip Roth in Portnoy's Complaint 


 
 
 
 
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